Como bem escreveu o Juca Kfouri na Folha: "Só mesmo a chamada República Popular do Corinthians para ter um Imperador. Que fuma, bebe e joga!"
Drama, esperança e a glória redentora no final. Igual ao roteiro de um filme heróico, onde o mocinho vence só nos instantes finais, o Corinthians marcou o gol vitorioso aos quarenta e três minutos do segundo tempo. Virou o jogo pra cima do Atlético Mineiro (2 x 1) e deu um passo importante para o título.
A jogada antológica da virada se passou a exatos dois minutos do final da partida. Através de uma dividida (lance mais aguerrido impossível) a bola cai nos pés de Émerson, este, ainda no campo de defesa - com fôlego de maratonista, mesmo sentindo o peso da angústia de um Pacaembu lotado à espera da vitória -, dispara em direção ao gol, com a leveza e a fúria de um gavião, toca com a precisão de um escultor para Adriano - ele que já conquistou o Império na Itália – desloca-se entre a zaga adversária e chuta a pelota magicamente para o fundo das redes do goleiro atleticano, elevando ao nirvana a República de Itaquera.
É gol! Gol do Corinthians! É delírio, é loucura! É Adriano para o Timão!
Hercúleo e avassalador como um general napoleônico, o camisa 10 marcha em direção à torcida para comemorar. Como um menino da favela da Vila Cruzeiro, ou de qualquer outro lugar periférico do planeta, tira a camisa, a rodopia no ar e, à sombra da Fiel, ergue as mãos ávidas aos céus, agradecendo pelo momento tão esperado, o seu primeiro gol com o manto sagrado do "Curinthian".
Fim de jogo, fim de tarde em São Paulo. 20 de novembro de 2011, um dia a ser eternizado pelos deuses do futebol. No horário de Brasília passavam das 19h. Do pavilhão alvi-negro no Pacaembu, agitavam-se as bandeiras.
É vibração, é vibração sem fim.