Charles Baudelaire foi processado por causa dos poemas que ele escreveu no seu clássico "As Flores do Mal". Também pudera, o livro é datado de 1857, em pleno 2° Império, quando corria a censura de Napoleão na França.
Nessa obra, aliás, o seu único livro publicado, o poeta, com seus maldosos versos, fala da destruição do homem. Aborda de maneira materialista e espiritual o ser humano entre a essência e o horror da vida.
Enquanto Victor Hugo acreditava que o poeta guiava a humanidade, para Baudaleire esse tipo de escritor era um amaldiçoado. Tanto que agradecia a Deus por ser um amaldiçoado, pois era isso que o fazia poeta.
Um detalhe que eu vejo como elementar na sua obra é a contradição. Em Baudelaire encontramos uma visão simbolista, mas ele não era simbolista; tem poemas parnasianos, mas ele não era parnasiano; tinha realismo, mas ele não era realista. Tamanha facilidade em dialogar com todas essas escolas e estilos vem da agilidade dele em criar e recriar imagens de todo o tipo.
Maldições e características poéticas à parte tem um poema dele chamado “A morte dos Amantes” que eu gosto. Acho bonito. Compartilho aqui com vocês.
Vamos ter lençóis de aura ligeira,
profundo divã como um mausoléu,
e flores estranhas na prateleira
abertas pra nós sob um outro céu.
No fim da paixão, chama derradeira,
nossos corações, como um fogaréu,
irão refletir sua luz parceira
nas almas iguais, espelhos sem véu.
Numa tarde rosa e azul-desmaio,
nós vamos trocar um único raio,
um longo soluço cheio de adeus;
e depois um Anjo, ao abrir as portas,
dará vida novas aos teus e meus
espelhos sombrios e chamas mortas.
profundo divã como um mausoléu,
e flores estranhas na prateleira
abertas pra nós sob um outro céu.
No fim da paixão, chama derradeira,
nossos corações, como um fogaréu,
irão refletir sua luz parceira
nas almas iguais, espelhos sem véu.
Numa tarde rosa e azul-desmaio,
nós vamos trocar um único raio,
um longo soluço cheio de adeus;
e depois um Anjo, ao abrir as portas,
dará vida novas aos teus e meus
espelhos sombrios e chamas mortas.

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