Nos últimos livros que li do José Saramago os personagens não têm nome. Em “Ensaio sobre a Lúcidez”, por exemplo, mais uma daquelas alegorias barroquizantes do escritor português sobre um país, que também não tem nome, cuja população, sem nome é claro, resolve votar em branco, deixando a nação em estado de sítio.
Os personagens são apresentados assim: a enfermeira, o soldado, o médico, o governador... e por aí segue a narrativa. Nada de nomes. Tenho uma entrevista dele publicada na Revista Bravo, na qual diz: "No mundo contemporâneo, o nome de uma pessoa não tem nenhum valor". Concordo plenamente com o romancista.
“O Cheiro do Ralo”, um bom filme no melhor estilo underground, conta a história de um cara - interpretado pelo Selton Mello - desprezível e escroto que se apaixona por uma bunda, que fique bem claro, a paixão não é pela garota da poupança prazerosa, mas pelos glúteos em si, tanto que ele não está nem um pouco interessado em olhar nos olhos ou saber o nome dela. ROMANTISMO ZERO! O SENTIMENTO É PELA BUNDA. O filme deixa isso bem claro, de maneira até que cômica. Tem uma cena, muito maluca, em que ele pergunta o nome dela só por perguntar, só pra fazer média, mas na verdade o foco é a poupança da mina, tanto que a impressão é que o nome dela entrou por um ouvido e e saiu por outro.
E é sobre e esse universo de sem-nomes que se esbarra com sentimentos obsessivos por sucesso, dinheiro e afins, que eu gostaria de falar. A sociedade não quer saber o nome de ninguém, mas sim o que há de glamour, de cobiçável, de interesse na pessoa que se apresenta. Se é Antonio ou Maria, pouco importa. O que você é? Lixeiro ou médico? Empresária ou recepcionista?
Acho tudo isso uma grande bobagem. E o pior é que as pessoas ainda se acham muito importantes, pensam que abalam, mas na verdade são apenas bonecos num mundo regido por sombras do tipo. “Serei engenheiro, pois fiquei sabendo que assim posso ganhar muito dinheiro”. Nada contra ganhar dinheiro, money is very good, também gosto e preciso de grana. Se o cara tiver vocação para ser engenheiro, ele tem mais é que ir pra cima.
As mentes estão abitoladas por ascensão profissional. É claro que é legal a pessoa querer se alguém na vida. Maravilha. Mas calma aí! Tudo dentro de uma naturalidade, saudável, sem maluquices. Parece que para alguns o que rola é só ficar famoso, aparecer num programa de televisão, ser o centro das atenções, se sentir o foda, ter o gosto de sentir o poder nas mãos e o cacete a quatro.
Em resumo, é uma tremenda xaropice. Pessoas que pensam assim e que dão importância para valores ilusórios e abstratos, como estes, que fazem parte desta ‘festa pobre’ como cantava o Cazuza, mais cedo ou mais tarde vão entrar pelo cano, viver de maneira infeliz, com um quadro clínico e psíquico de frustrações e depressão. Infelizmente muitos, acham que estão abafando e sociedade trilha por este caminho, é lamentável, mas é a pura realidade. A esses eu digo: Vai lá! É isso que você quer, seguir tendências, aparecer, mesmo que sem nenhuma vocação para tal ofício. Boa sorte!
Em resumo, é uma tremenda xaropice. Pessoas que pensam assim e que dão importância para valores ilusórios e abstratos, como estes, que fazem parte desta ‘festa pobre’ como cantava o Cazuza, mais cedo ou mais tarde vão entrar pelo cano, viver de maneira infeliz, com um quadro clínico e psíquico de frustrações e depressão. Infelizmente muitos, acham que estão abafando e sociedade trilha por este caminho, é lamentável, mas é a pura realidade. A esses eu digo: Vai lá! É isso que você quer, seguir tendências, aparecer, mesmo que sem nenhuma vocação para tal ofício. Boa sorte!

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