Sai andando pela cidade para organizar as minhas ideias. O dia era propício para caminhar, tarde de outono, um sol tímido acompanhado de uma temperatura garbosamente fria.
No percurso, eu ia parando em algumas bancas de jornais, olhava as manchetes das revistas e dos jornais, as fotos e os fatos do que vem sendo notícia. Tragédias e celebridades, basicamente daí seguiam as informações. Esse mundo é muito louco. Analisei. Enquanto uns querem ficar famosos do nada, outros também, do nada, morrem.
Prossegui com a caminhada. Deixei o mundo alheio pra lá. Muita coisa na minha vida não fazia mais sentido. Refleti. Comecei a pensar em emprego, carro, grana, móveis planejados e tudo que envolve o chamado bens materiais. Preciso melhorar, cobrei-me.
Em certa altura da andança também pensei nos bens sentimentos. Pensei muito nela. Lembrei com carinho dos momentos que passamos juntos. Um beijo no melhor estilo new age, embaixo de uma queda d’água, escorados numa pedra, em uma tranquila corredeira. Recordei a maneira adventícia que nos conhecemos. Sorri, nostalgicamente.
Na sequência a saudade me nocauteou. Como diz a lírica cantada pelo Zeca Baleiro “Ando tão à flor da pela que qualquer beijo de novela me faz chorar”.
Parei, sentei no banco de um ponto de ônibus. Reflexões, transeuntes, saudades, carros, ideias, faróis, desejos, buzinas... Confesso que é uma situação meio que oblíqua, ficar pensando na vida, parado num ponto de ônibus. De repente apareceu uma senhora. Pediu uma informação.
-Esse ônibus pega a Consolação?
-Sim, respondi.
A senhora que lembrava a minha saudosa avó, agradeceu, entrou no busão e eu voltei a caminhar, entrei a esquerda, virei a direita, na tentativa de organizar as minhas ideias.

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