segunda-feira, 23 de maio de 2011

PORRE, ROCK E POESIA

O camarada passa a noite falando merda com os amigos, chega em casa pela manhã completamente bêbado, mas não pode dormir, pois tem compromissos profissionais nas próximas horas, então ele vai pra de baixo do chuveiro, ameniza a brisa, depois coloca o som do Buddaheads no youtube, e deixa o tempo passar. Se liga:


Se não bastasse, o camarada vai quase que se arrastando até a prateleira, saca um livro de poesias do velho "Buk", acomoda o corpo ressacado no sofá,  e lê:
quatro e meia da manhã
os barulhos do mundo
com passarinhos vermelhos,
são quatro e meia da
manhã,
são sempre
quatro e meia da manhã,
e eu escuto
meus amigos:
os lixeiros
e os ladrões
e gatos sonhando com
minhocas,
e minhocas sonhando
os ossos
do meu amor,
e eu não posso dormir
e logo vai amanhecer,
os trabalhadores vão se levantar
e eles vão procurar por mim
no estaleiro
e dirão:
"ele tá bêbado de novo",
mas eu estarei adormecido,
finalmente, no meio das garrafas e
da luz do sol,
toda a escuridão acabada,
os braços abertos como
uma cruz,
os passarinhos vermelhos
voando,
voando,
rosas se abrindo no fumo
e
como algo esfaqueado e
cicatrizando,
como 40 páginas de um romance ruim,
um sorriso bem na
minha cara de idiota.

(Charles Bukowski)

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